A expectativa de vida do brasileiro ao nascer é de 76 anos, segundo o IBGE. Em 2060, as projeções indicam que um quarto da população (25,5%) terá mais 65 anos e poderá viver até 81 anos. Diante destas informações, a tecnologia pode ser uma grande aliada para garantir uma vida longeva saudável.
A longevidade é o grande desafio dos sistemas de saúde no mundo em razão da necessidade de assistência médica mais complexa. Para resolver essa equação, o setor usufrui de avanços tecnológicos que promovem grandes transformações e devem impactar a prática e o ensino da medicina.
“Uma tendência para promover a longevidade com qualidade de vida é a medicina de precisão ou personalizada, que conta com os avanços da genética para conhecer o mecanismo biológico de cada pessoa e as alterações que podem produzir doenças”, explica Carlos Alberto Goulart, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).
No Brasil, as principais tendências tecnológicas estão relacionadas ao envelhecimento da população com atenção para cardiologia, oncologia, diagnóstico por imagem e exames laboratoriais.
A medicina atua na prevenção de riscos para evitar ou retardar o aparecimento de enfermidades, utilizando recursos como a Inteligência Artificial que tem grande capacidade de gerar e analisar dados do paciente para obter diagnósticos mais rápidos e precisos. Outras contribuições são as cirurgias e procedimentos cada vez menos invasivos, que acabam reduzindo o tempo ou necessidade de hospitalização e consequentemente os custos.
Tecnologias como a telemedicina, aplicativos e vestíveis – dispositivos inteligentes utilizados como peças de vestuário – promovem o cuidado fora das instituições de saúde e permitem que o paciente tenha mais participação e autonomia na gestão da sua saúde e qualidade de vida.
“Além dos inegáveis benefícios para os pacientes, esse conjunto de inovações digitais é fundamental para melhorar a gestão do sistema de saúde, reduzir os custos e manter a sustentabilidade financeira”, aponta Goulart.
Inovações tecnológicas no Brasil
Possibilitar que os avanços tecnológicos na medicina cheguem à população é outro desafio. Nos últimos dez anos o processo de informatização da saúde tem avançado bastante em relação à conectividade e implementação de sistemas de registro eletrônico, segundo Paulo Mazzoncini, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Mazzoncini considera que o Brasil ainda está na fase de organização da infraestrutura tecnológica. “O Ministério da Saúde tem uma proposta de implantação do e-Saúde no Brasil, que é um modelo de saúde integral e integrada apoiada nas TICs (tecnologias de informação e comunicação). Porém, os sistemas instalados, em sua grande maioria, funcionam ainda de forma isolada e não trocam dados entre si”, conta.
A falta de normas e regulamentações profissionais para incorporar novas tecnologias na atenção à saúde tornam o processo mais lento. Poucas tecnologias foram incorporadas ao sistema público de saúde e as inclusões na saúde suplementar acontecem a cada dois anos, segundo Goulart. “Os hospitais de primeira linha que praticam uma assistência privada são os que disponibilizam com maior velocidade as inovações médicas”, finaliza.
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