Ter o consultório próprio é o sonho de muitos profissionais da saúde, que acabam esbarrando em questões financeiras e burocráticas. Porém, existem soluções para quem não abre mão da liberdade de atender por conta própria, mas não pode ou quer enfrentar estes problemas – uma delas é o coworking.
Ele nada mais é do que um espaço compartilhado por diversos profissionais liberais e empresas, já equipado com tudo que for necessário para trabalhar (internet, infraestrutura, banheiros etc.).
Este conceito – que já é recente por si só – passou a ser aplicado à área da saúde há pouquíssimo tempo. Hoje, ainda é mais comum encontrar profissionais que montaram seu próprio consultório ou que alugam espaços em outros consultórios full time. Como eles não usam esses espaços 24h por dia, acabam pagando por mais tempo do que usam.
“Por isso, trouxemos para a área de saúde o coworking, em que uma estrutura está à disposição do profissional para que ele pague proporcionalmente ao tempo de uso”, diz Alcidney Sentallin, professor de Gestão Financeira e consultor de negócios da IBE-FGV.
Há diversos modelos de cobrança. Por exemplo, o Livance, em São Paulo, cobra de seus sócios uma assinatura fixa mensal de R$ 236, para acesso ao coworking e ao pacote de serviços oferecidos, mais R$ 1 por minuto dentro dos consultórios – é o chamado pay-per-use.
Vantagens do coworking de saúde
A estrutura completa e praticidade está entre os maiores atrativos, afinal, isso significa que os locatários não precisarão gastar com equipamentos, aluguel, luz, água, condomínio, internet, decoração, secretária, entre outras despesas. Resumidamente, o profissional contratará um espaço que já tenha tudo à disposição.
“Este modelo é mais econômico e simplificado tanto no sentido financeiro, pois se evita o desperdício de pagar pela sala sem usá-la, quanto na diminuição de tarefas administrativas. O coworking unifica as despesas e facilita o médico a obter receita, já que os pacientes poderão pagar os procedimentos via cartão na recepção que também oferecemos”, conta Claudio Mifano, CEO e co-fundador da Livance.
Há, ainda, a questão da otimização da agenda, flexibilização de horários e disponibilidade, visto que o consultório estará sempre à disposição e pronto para ser usado.
“O profissional conseguirá ter vários locais de atendimento e, estando ele em um coworking, terá o espaço físico e os demais serviços à sua disposição, bem como poderá usufruir da estratégia de comunicação, de crescimento e divulgação desse coworking”, adiciona Sentallin.
Coworking x modelos antigos
O modelo tradicional de alugar espaço, alugar sala ou consultório já é velho conhecido dos profissionais da saúde. Ele é similar ao sistema de coworking, porém, está um passo atrás na linha evolutiva.
“Antes, o profissional pagaria para utilizar essa sala de acordo com o período que está determinado para ele usar, o que não necessariamente está alinhado com a demanda e a necessidade dele. Em determinados momentos, ele acabaria tendo uma divergência nesses horários. O coworking, ele traz essa evolução, na qual a pessoa passa a ter aquele espaço montado à sua disposição nos horários combinados e vai pagar proporcionalmente a esse uso”, explica Sentallin.
Os pacientes também saem ganhando graças à maior facilidade na hora de agendar consultas e à infraestrutura. “Você proporciona um ambiente diferenciado das convencionais clínicas, deixando o paciente mais à vontade”, acrescenta Joeval Martins, professor da IBE-FGV especialista em Canais de Vendas, Parcerias, Alianças e Competitividade.
Para quem eles são indicados
De acordo com Mifano, basicamente, para todo tipo de profissional da saúde que não atenda em um único consultório em tempo integral, independentemente do momento de suas carreiras – incluindo médicos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas etc.
“Cirurgiões, que gastam muito tempo em hospitais e ficam menos em consultórios, também se beneficiam, assim como o público feminino, que busca mais praticidade devido às demais tarefas que acabam caindo sobre seus ombros, como o cuidado com os filhos”, relata.
Coworking e cooperativismo
“Há uma semelhança na essência do cooperativismo e que busca bem comum dos seus cooperados através de prestação de serviço. O lado bom do coworking é que ele só cresce se a soma dos indivíduos que o compõe crescerem juntos”, comenta Sentallin.
Apesar de diferentes na questão da gestão e lucros, o principal a ser apontado é que, em ambos os casos, o crescimento de todos é baseado no coletivo. Juntos, os profissionais dividem os custos e recursos – e todos saem ganhando.
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